A gota é uma artrite inflamatória causada pela doença de deposição de cristais de urato monossódico. Os objetivos a longo prazo da terapia em pacientes que já apresentaram sinais e sintomas da doença (gota estabelecida) são prevenir crises recorrentes de gota e reverter sinais anteriores da doença, alcançando e mantendo concentrações séricas subsaturadas de urato. Isto é conseguido através de uma combinação de abordagens, principalmente com terapia de redução de urato, e inclui modificação do estilo de vida como adjuvante, quando apropriado.
As estratégias de modificação do estilo de vida e de redução do risco podem ser úteis para reduzir o risco de desenvolver gota em pacientes com hiperuricemia assintomática. Eles também podem ser úteis para reduzir o risco de crises de gota, especialmente quando a farmacoterapia para redução de urato não é indicada ou tolerada. No entanto, a redução do risco é muitas vezes insuficiente para controlar a gota em pacientes com indicação de terapia farmacológica. Isso ocorre porque os fatores genéticos e a redução da excreção renal de urato são os principais contribuintes para o desenvolvimento da gota
O momento preferido para introduzir componentes de modificação do estilo de vida e redução de risco de um plano de manejo individualizado para pacientes com gota é durante o intervalo assintomático (período intercrítico) entre crises de gota (ou seja, após a resolução de uma crise).
Estudos mostram que a perda de peso está associada à redução do risco de incidentes de gota, com resultados positivos na diminuição dos níveis séricos de urato. A cirurgia bariátrica também demonstrou benefícios significativos em pacientes com obesidade grave e gota estabelecida. A composição da dieta desempenha um papel importante na influência dos níveis séricos de urato, com ênfase na redução de purinas e escolhas alimentares saudáveis.
Compreender como os alimentos afetam os níveis de ácido úrico sérico pode ser importante para prevenir crises e melhorar a qualidade de vida. Confira algumas dicas importantes:
- Purinas: Diferente do que pensávamos no passado, a restrição de purinas pode ser necessária apenas em casos extremos. Em geral, não é uma opção prática para a maioria e, portanto, não recomendamos para pacientes com formas mais leves iniciais da doença.
- Proteínas: Opte por fontes magras de proteína, como aves e peixes com baixo teor de purina. Leguminosas também podem ser benéficas. Exemplos: peito de frango, salmão, lentilhas.
- Laticínios com baixo teor de gordura: Prefira produtos lácteos com baixo teor de gordura na sua dieta. Exemplos: iogurte com baixo teor de gordura, leite desnatado.
- Carboidratos: Evite bebidas açucaradas e alimentos ricos em frutose. Isso pode ajudar a reduzir o risco de gota. Exemplos: refrigerantes açucarados, sucos de frutas com alto teor de açúcar.
- Suplementos dietéticos: Alguns, como cerejas e vitamina C, podem ser benéficos, mas ainda necessitam de mais pesquisa.
- Café e ácidos graxos ômega-3: Podem ter benefícios na prevenção de crises, mas requerem mais estudos.
- Álcool: O consumo, especialmente de cerveja e destilados, está associado a um maior risco de gota. Moderação é fundamental.
- Dietas completas: Abordagens como a dieta DASH podem ser benéficas na prevenção e tratamento da gota. A sigla DASH vem do inglês e significa “Abordagem dietética para parar a hipertensão”. É uma dieta rica em frutas, vegetais e laticínios com baixo teor de gordura.
Lembrando que as necessidades dietéticas variam de pessoa para pessoa. Consulte um profissional de saúde para criar um plano alimentar adequado às suas necessidades individuais.